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Esquadrão Imortal – Borussia Mönchengladbach 1970-1979

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Em pé: Wittkamp, Danner, Jupp Heynches, Kneib, Stielike e Bonhof. Agachados: Simonsen, Heidenreich, Kulik, Klinkhammer e Vogts.

 

Grandes feitos: Bicampeão da Copa da UEFA (1974-1975 e 1978-1979), Pentacampeão Alemão (1969-1970, 1970-1971, 1974-1975, 1975-1976 e 1976-1977), Campeão da Copa da Alemanha (1972-1973), Campeão da Supercopa da Alemanha (1977) e Vice-campeão da Liga dos Campeões da UEFA (1976-1977).

Time base: Kleff (Kneib); Vogts, Wittkamp (Hannes / Klinkhammer) e Schäffer (Surau); Wimmer, Stielike (Kulik), Bonhof e Wohlers (Danner / Le Fevre); Simonsen (Netzer), Jensen (Nielsen / Laumen) e Heynckes (Lienen). Técnicos: Hennes Weisweiler (1970-1975) e Udo Lattek (1975-1979).

 

“Time de chegada”

Por Guilherme Diniz

A década de 70 foi dourada para o futebol alemão. Depois de presenciarem um domínio holandês entre 1970 e 1973, o país foi soberano em praticamente todas as competições que disputou, seja com a seleção (campeã da Europa em 1972 e do mundo em 1974) seja com seus clubes (destaque para o Bayern tricampeão europeu entre 1974 e 1976). Todos sempre se lembram do Bayern, mas outro clube conseguiu escrever uma história tão gloriosa quanto à dos bávaros como uma das equipes mais copeiras da década e com uma geração inesquecível para seus torcedores: o Borussia Mönchengladbach. De 1970 até 1980 a equipe faturou nove títulos (sendo cinco campeonatos nacionais), chegou a quatro finais de Copa da UEFA, duas de Liga dos Campeões da UEFA e uma de Mundial Interclubes. Os potros mostraram ser um time de chegada e os únicos na Alemanha capazes de duelar de igual para igual com o Bayern de Beckenbauer e Gerd Müller. Mas, infelizmente, na principal final que eles disputaram (a da Liga dos Campeões de 1977) eles não conseguiram levar a taça (perdida para os ingleses do Liverpool). Com jovens transbordando talento como Vogts, Wittkamp, Stielike, Bonhof, Netzer, Simonsen e Heynckes, a equipe foi uma das melhores da década e uma das protagonistas do futebol europeu. É hora de relembrar.

 

Geração de ouro

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Sob comando do técnico Hennes Weisweiler, o Borussia começou a década de 70 com planos ambiciosos. Longe de ser uma potência no país, a equipe tinha em seu plantel uma safra de bons jogadores que poderia, sim, dar à equipe glórias inéditas. Nomes como Günter Netzer, Jupp Heynckes, Berti Vogts e Herbert Wimmer eram alguns dos garotos pincelados pelo técnico Weisweiler para o início dos trabalhos vitoriosos. Depois de campanhas modestas no final dos anos 60, a equipe entrou na temporada 1969-1970 querendo mais. O time já se destacava pelo estilo de jogo ofensivo, além de ótimos defensores e jogadores de criação fantásticos. Heynckes e Netzer rapidamente se tornaram estrelas e frequentavam as convocações da seleção juntamente com outros jovens que surgiam no Bayern München. Os times seriam os grandes expoentes de uma era promissora e inesquecível do futebol alemão.

 

Os primeiros canecos

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Hennes Weisweiler implantou um método de trabalho no Borussia que aliava disciplina dentro de campo e fora dele, com o objetivo de manter os jovens (maioria no elenco) focados no trabalho em curto e longo prazos. O trabalho bem feito resultou já na temporada 1969-1970 no primeiro título do Campeonato Alemão da história do Borussia, com 23 vitórias, cinco empates e seis derrotas em 34 jogos, com 71 gols marcados e 29 sofridos (melhor defesa). O artilheiro do time foi Herbert Laumen, com 19 gols marcados. A conquista deu ao clube o direito de participar da Liga dos Campeões da UEFA de 1970-1971, mas o time foi eliminado na segunda fase ao perder nos pênaltis para o Everton-ING.

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Na temporada seguinte, o Borussia mostrou que o título do ano anterior não era um fato isolado e levantou o bicampeonato alemão, ficando outra vez à frente do Bayern, com 20 vitórias, 10 empates e apenas quatro derrotas em 34 jogos, com 77 gols marcados (melhor ataque) e 35 sofridos (melhor defesa). Um fato curioso é que num dos jogos da equipe no torneio, contra o Werder Bremen, em casa, um dos gols do estádio do time foi ao chão depois que Laumen (do Borussia) e Bernard (do Bremen) caíram sobre as redes num lance perto do fim do jogo (que estava empatado em 1 a 1) e destruíram o gol. Como a equipe alvinegra não conseguiu consertar a meta, o jogo foi encerrado e o Borussia perdeu por 2 a 0 devido ao ocorrido, mas nada que pudesse abalar a conquista do time. Laumen foi outra vez artilheiro da equipe com 20 gols, seguido de Heynckes, com 19. Como campeão alemão, os potros disputaram outra vez a Liga dos Campeões da UEFA, na qual protagonizariam um dos maiores bailes da história do torneio. E também um dos mais polêmicos.

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Maldita latinha de Coca-Cola!

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Na temporada 1971-1972, o Borussia não conseguiu ficar com o tricampeonato nacional, perdendo o título para o Bayern München dos incríveis 101 gols. Aquele ano ficou marcado, mesmo, pela história incrível que o time conseguiu escrever na Liga dos Campeões da UEFA. Depois de passear na primeira fase e eliminar o Cork Hibernians-IRL com duas vitórias (5 a 0 fora de casa e 2 a 1 em casa), o time encarou a Internazionale-ITA nas oitavas de final. No primeiro jogo, na Alemanha, o Borussia aplicou uma goleada histórica de 7 a 1 nos italianos, gols de Heynckes (2), le Fevre (2), Netzer (2) e Sieloff. Mas, por incrível que pareça, aquele show não valeu em nada. A partida foi anulada devido a uma latinha de Coca-Cola atirada em campo pela torcida alemã e que acertou o italiano Roberto Boninsegna. A UEFA suspendeu o jogo e remarcou uma nova partida, que terminou sem gols. Na volta, em Milão, a Inter venceu por 4 a 2 e ficou com a vaga nas quartas de final. A revolta dos alemães foi enorme, mas tempo depois a equipe italiana perderia o título para o Ajax-HOL de Cruyff.

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Em 1970, o Borussia encarou o xará de Dortmund debaixo de neve e venceu por 4 a 2. Duro foi achar a moedinha antes do início do jogo...
Em 1970, o Borussia encarou o xará de Dortmund debaixo de neve e venceu por 4 a 2. Duro foi achar a moedinha antes do início do jogo…

 

 

Topando com gigantes

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A partir da temporada 1972-1973 o Borussia viveu um dilema: ter o melhor time de sua história, mas o azar de duelar na mesma época com outras duas equipes sensacionais: o Bayern de Beckenbauer e o Liverpool-ING de Keegan e Cia. Em casa, o time alemão viu os bávaros serem tricampeões consecutivos e emendarem uma tripla sequência também na Liga dos Campeões da UEFA. Como consolação, veio a Copa da Alemanha de 1973, vencida sobre o Köln por 2 a 1, com gols de Wimmer e Netzer, numa final emblemática pela atmosfera, o calor escaldante de 35 graus e o futebol ofensivo de ambas as equipes.

No mesmo ano, o Borussia fez uma campanha fantástica na Copa da UEFA. O time eliminou na primeira fase o Aberdeen-SUE com duas vitórias (3 a 2 e 6 a 3), despachou na sequência o Hvidovre-DIN (3 a 0 e 3 a 1), eliminou o rival doméstico Köln (0 a 0 e 5 a 0), massacrou o Kaiserlautern-ALE (2 a 1 e 7 a 1) e passou pelo Twente-HOL na semifinal (3 a 0 e 2 a 1). Invictos, os alemães encararam o Liverpool-ING na final. No primeiro jogo, em Anfield Road, vitória inglesa por 3 a 0. Na volta, na Alemanha, os ingleses se fecharam como puderam para conter o forte sistema ofensivo do Borussia, levaram dois gols de Heynckes, mas conseguiram ficar com o título graças ao placar agregado (3 a 2). Não era daquela vez que o Borussia venceria uma competição europeia.

 

Novas peças e retomada alemã

Uma das formações do Borussia naquela época: 3-4-3 virava 4-3-3 dependendo das circunstâncias do jogo. Ataque rápido, meio de campo criativo e defesa segura. Era difícil jogar com os potros naquela década de ouro...
Uma das formações do Borussia naquela época: 3-4-3 virava 4-3-3 dependendo das circunstâncias do jogo. Ataque rápido, meio de campo criativo e defesa segura. Era difícil jogar contra Vogts, Bonhof, Simonsen e Heynckes…

 

Depois da perda do título europeu de 1973, o Borussia se reforçou com as chegadas dos dinamarqueses Jansen e Simonsen, além do alemão Stielike. O genioso Netzer, depois de vários conflitos com jogadores e comissão técnica, deixou a equipe. Com o trio em campo, a equipe retomou a coroa na Alemanha já na temporada 1974-1975, ficando seis pontos à frente do vice-campeão Hertha Berlim. Jupp Heynckes (que já havia sido o artilheiro da temporada 1973-1974 com 30 gols) foi o artilheiro do time e do campeonato novamente, com 27 gols, seguido do dinamarquês Allan Simonsen como segundo maior marcador da equipe, com 18. Mas, naquela temporada, a grande taça do time não seria o alemão. Seria um troféu continental.

 

Campeões!

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Na Copa da UEFA de 1974-1975 o Borussia mostrou outra vez seu lado copeiro e alcançou mais uma final. O time eliminou Wacker Innsbruck-AUT, Lyon-FRA, Real Zaragoza-ESP, Banik Ostrava-RCH e Köln-ALE no caminho até a decisão. Nela, o adversário foi o holandês Twente. No primeiro jogo, na Alemanha, o 0 a 0 não saiu do placar e a torcida temia pelo pior. Será que o time morreria outra vez na praia? Que nada! Na volta, o time alemão deu uma aula de ofensividade e talento aplicando 5 a 1 no time holandês, com três gols de Heynckes e dois de Simonsen. Era o primeiro título internacional da história do clube e um adeus laureado para o técnico Weisweiler, que deixaria o time naquele ano para comandar o Barcelona-ESP. A torcida, claro, sentiu muito a perda do mentor daquela equipe mágica, que jogava sempre pra frente, com talento, toque de bola e agilidade, mas sem descuidar da zaga. Para seu lugar, a diretoria do Borussia contratou Udo Lattek, outro virtuoso estrategista célebre por montar a espinha dorsal do estupendo Bayern München tricampeão alemão de 1972 a 1974 e campeão europeu em 1974.

 

Pegada mantida

O capitão Vögts com o técnico udo Lattek: duas Bundesligas e uma Copa da UEFA entre 1975 e 1979.
O capitão Vogts com o técnico Udo Lattek: duas Bundesligas e uma Copa da UEFA entre 1975 e 1979.

 

A chegada de Udo Lattek não enfraqueceu nem um pouco o Borussia. O time manteve a sina campeã e faturou outro campeonato nacional na temporada 1975-1976, com 16 vitórias, 13 empates e apenas cinco derrotas em 34 jogos. O destaque foi a goleada de 4 a 1 sobre o Bayern, em casa, numa atuação memorável. Allan Simonsen foi o artilheiro da equipe ao marcar 16 gols. Na Liga dos Campeões, o time chegou até as quartas de final, mas foi eliminado pelo Real Madrid-ESP por causa do critério de gols marcados fora de casa, após empates em 2 a 2 e 1 a 1. Vale lembrar que na partida de volta, em Madrid, o time alemão foi outra vez prejudicado pela arbitragem com vários gols anulados. Heynckes foi o artilheiro do torneio com seis gols.

Na temporada 1976-1977 o Borussia viveu o auge e por muito pouco não se tornou o maior time do planeta. Em casa, a equipe repetiu o feito do Bayern e foi tricampeã consecutiva do Campeonato Alemão com 17 vitórias, 10 empates e sete derrotas em 34 jogos, com 58 gols marcados e 34 sofridos. Simonsen e Heynckes se entrosavam cada vez mais e eram as estrelas maiores do ataque do time.

Na Liga dos Campeões, o Borussia fez sua melhor campanha na história. Eliminou na primeira fase o Austria Vienna-AUT com derrota no primeiro jogo por 1 a 0 e vitória em casa por 3 a 0 (gols de Stielike, Bonhof e Heynckes). Nas oitavas, vitória fora de casa sobre o Torino-ITA por 2 a 1 (gols de Vogts e Klinkhammer) e empate sem gols na Alemanha. Nas quartas de final, empate em casa contra o Brugge-BEL por 2 a 2 (gols de Kulik e Simonsen) e vitória apertada por 1 a 0 na Bélgica (gol de Hannes). Na semifinal, a equipe superou a derrota no primeiro jogo para o Dynamo Kyiv-URSS por 1 a 0 e venceu por 2 a 0 em casa (gols de Bonhof e Wittkamp), garantindo os alemães numa inédita final. O adversário, porém, não trazia boas recordações: era o Liverpool, algoz da Copa da UEFA de 1973.

 

Asa negra

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Em Roma, na Itália, o Liverpool tinha a chance de conquistar seu segundo título continental seguido, somando a conquista da Copa da UEFA de 1976. O time entrava em campo já com o título de bicampeão da Inglaterra, conquistado em cima do Manchester City. Os reds marcaram o primeiro gol logo aos 28´do primeiro tempo com Terry McDermott. No segundo tempo, empate do Borussia com Simonsen. Na sequência, Tommy Smith deixou os reds na frente e Phil Neal, de pênalti, marcou o gol do título do Liverpool. A cidade de Roma via o esquadrão vermelho conquistar pela primeira vez o título máximo do futebol europeu e igualar o feito do Manchester United. Já o Borussia perdia pela segunda vez uma final para os ingleses e a chance de coroar um trabalho de anos com a maior taça da Europa. Uma boa notícia depois do revés foi a escolha do craque Allan Simonsen como o Melhor Jogador da Europa de 1977.

O dinamarquês Simonsen ergue a Bola de Ouro de 1977: Melhor da Europa naquele ano.
O dinamarquês Simonsen ergue a Bola de Ouro de 1977: Melhor Jogador da Europa naquele ano.

 

 

Vice-campeão mundial

Meses depois, o time disputou o Mundial Interclubes de 1977 contra o Boca Juniors-ARG graças à desistência do Liverpool, que “não encontrou datas disponíveis” para disputar as partidas. O primeiro jogo foi disputado apenas em março de 1978, no estádio La Bombonera. O Boca abriu o placar com o artilheiro Mastrángelo aos 16´ do primeiro tempo. Hannes empatou aos 24´. Cinco minutos depois, Bonhof virou para os alemães. Mas, no segundo tempo, o reserva Ribolzi empatou, deixando tudo aberto para a partida de volta, na Alemanha. Nela, os argentinos mostraram muita mais vontade que os alemães e venceram por 3 a 0 com gols de Felman, Mastrángelo e Salinas.

 

 

Máquina de gols

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Na temporada 1977-1978 o Borussia não conquistou o tetracampeonato alemão por três gols. Isso mesmo. O time terminou a competição com o mesmo número de pontos do Köln, mas ficou com o vice pelo fato de o rival de Colônia ter saldo maior em três gols. Isso porque o Borussia anotou 86 gols em 34 jogos (mesmo número do Köln), mas levou 44 (o Köln, 41). Uma curiosidade foi que as equipes chegaram à última rodada com o Borussia 10 gols atrás do Köln. Para reverter o resultado, apenas uma goleada homérica pra cima do Borussia Dortmund poderia dar chances de título ao Mönchengladbach. E não é que os comandados por Udo Lattek conseguiram a proeza de aplicar a maior goleada da história da Bundesliga? O jogo foi 12 a 0 para o Borussia em cima do rival de Dortmund. Mas o esforço foi em vão. No mesmo dia, o Köln fez 5 a 0 e ficou com a taça…

Stielike e Beckenbauer na temporada 1976-1977.
Stielike e Beckenbauer na temporada 1976-1977.

 

 

A última glória

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O Borussia começou a perder sua intensidade depois do vice-campeonato de 1978 e fez uma péssima campanha na Bundesliga de 1978-1979 (levando inclusive um chocolate de 7 a 1 do Bayern München em casa), ficando apenas na décima colocação. Jupp Heynckes, ídolo e um dos maiores artilheiros da década, se aposentou naquele ano. Porém, faltava o último canto do cisne, que aconteceu na Copa da UEFA. Depois de eliminar Sturm Graz-AUT, Benfica-POR, Slask Wroclaw-POL, Manchester City-ING e Duisburg-ALE, o time alcançou sua quarta final continental na década. O adversário foi o Estrela Vermelha-IUG. No primeiro jogo, na Iugoslávia, empate em 1 a 1, com o gol alemão marcado por Jurisic, contra. Na volta, mais de 45 mil torcedores empurraram o Borussia rumo à vitória por 1 a 0, gol de pênalti marcado por Simonsen. O Borussia era bicampeão da Copa da UEFA e coroava definitivamente aquela geração como a melhor da história do clube.

 

 

Vivendo do passado

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Depois dos mágicos anos 70, o Borussia entrou em declínio e nunca mais foi o mesmo. Em 1980, comandado pelo ex-ídolo Jupp Heynckes, a equipe chegou a mais uma final de Copa da UEFA, mas perdeu para o compatriota Eintracht Frankfurt. Foi naquele tempo que a equipe revelaria para o mundo da bola outro craque: Lothar Matthäus. Desde então, o time só conquistou uma Copa da Alemanha em 1995 e vive sofrendo com o sobe e desce nas divisões inferiores da Bundesliga. A torcida espera ver, em breve, o time formar novos craques de talento e voltar aos tempos de glória. Enquanto isso não acontece, restam as lembranças de um esquadrão que mostrou ao mundo que nem só de Bayern vivia a Alemanha nos anos 70. Existia, também, o Borussia Mönchebgladbach de Vogts, Heynckes, Simonsen e companhia, um esquadrão ofensivo, brilhante e imortal.

 

Os personagens:

Kneib: goleiro absurdamente alto (tinha 1,96m), Kneib se impunha na meta do Borussia e era um dos responsáveis por garantir a segurança defensiva do time entre 1976 e 1980, período em que jogou no clube. Disputou as finais da Copa da UEFA de 1979 (campeão) e 1980 e da Liga dos Campeões de 1977. Além disso, conquistou a Bundesliga de 1976-1977. Foram mais de 100 jogos disputados no Campeonato Alemão pelo clube.

Kleff: foi o goleiro do Borussia em grande parte daqueles anos dourados, em especial de 1970 até 1976. Foi revelado pelo clube e conquistou todas as taças daquele período, o pentacampeonato nacional, as duas Copas da UEFA entre outros. Disputou mais de 300 partidas de Bundesliga pelo clube e ganhou até algumas convocações para a seleção da Alemanha entre 1971-1974, mas não teve grandes chances como titular pelo fato de concorrer com Sepp Maier.

Vogts: um dos maiores jogadores alemães da história e um dos maiores “carrapatos” do futebol mundial. Defensor notável e cheio de fôlego, capaz de disputar bolas como se não houvesse amanhã, Berti Vogts foi leal durante toda sua carreira ao Borrusia, clube pelo qual jogou de 1965 até 1979. Capitão do time na era de ouro, Vogts disputou 419 partidas de Bundesliga e marcou 33 gols, além de jogar 64 vezes em competições europeias e marcar oito gols. Pela Alemanha, foram 96 jogos e dois títulos: a Eurocopa de 1972 e a Copa do Mundo de 1974, competição na qual Vogts foi um dos principais responsáveis pelo título alemão. Motivo? O craque simplesmente anulou o maior nome do futebol mundial naquele tempo, o holandês Cruyff, aplicando-lhe a maior marcação de toda sua vida. É um imortal da bola e um dos maiores ídolos do Borussia.

Wittkamp: depois de uma passagem pelo Schalke 04, o defensor e volante Hans-Jürgen Wittkamp fez carreira no Borussia entre 1971 e 1978, participando de todas as glórias do time no período. Dava segurança ao lado esquerdo do campo defensivo do time e ainda apoiava o meio de campo e ataque. Foram mais de 170 jogos de Bundesliga pelo clube.

Hannes: começou como atacante, mas depois foi para a zaga e se deu bem. Não era um titular assíduo no início, mas quando entrava jogava muito bem, com segurança e técnica, além de ser muito forte fisicamente (tinha 1,88m). Um ponto que chamava atenção era que Hannes não enxergava com o olho direito por conta de um tumor que sofrera na infância. Mesmo assim, construiu carreira no futebol e disputou mais de 260 partidas de Bundesliga pelo Borussia entre 1975 e 1986.

Klinkhammer: outro bom defensor revelado pelo Borussia e que jogou no clube entre 1972 e 1980. Conquistou três títulos nacionais, além das duas Copas da UEFA de 1975 e 1979. Esteve em campo na final da Liga dos Campeões de 1977, quando o time alemão perdeu para o Liverpool.

Schäffer: outra cria da safra de ouro do Borussia, o meio campista jogou de 1968 até 1970 no time até se transferir para o Kickers Offenbach. Voltou ao Borussia em 1977, a tempo de conquistar a Copa da UEFA de 1979. Encerrou a carreira no clube em 1985.

Surau: jogou de 1971 até 1976 no Borussia e compôs uma sólida defesa ao lado de Vogts e Wittkamp. Não tinha espaço cativo na zaga pelo fato de o time contar com muitos bons jogadores para a posição na época.

Wimmer: foi um dos cinco jogadores do Borussia campeões do mundo com a seleção na Copa de 1974. Jogava do lado direito do meio de campo do time e era um dos craques do time com técnica, visão de jogo e muito, mas muito fôlego, ganhando o apelido de “pulmão de ferro”. Foi um exemplo de resistência física e capacidade técnica em seu tempo. Jogou toda a carreira no Borussia, de 1966 até 1978, disputando 366 jogos de Bundesliga e marcando 51 gols.

Stielike: jogava como meia-atacante e foi outro craque de destaque das categorias de base do Borussia. Chegou ao time titular em 1972 e permaneceu até 1977, conquistando o tricampeonato nacional e a Copa da UEFA de 1975. Pela seleção, foi convocado diversas vezes entre 1975 e 1984, conquistando a Eurocopa de 1980 e sendo vice-campeão mundial na Copa de 1982.

Kulik: foram 10 anos de Borussia e várias conquistas, sendo as principais o tricampeonato alemão e o bicampeonato da Copa da UEFA. Meio campista, Kulik articulava jogadas e ainda marcava gols. Disputou mais de 200 partidas de Bundesliga pelo clube.

Bonhof: outro campeão do mundo com a Alemanha em 1974 e titular naquela Copa, Bonhof foi um dos maiores meio-campistas de seu tempo, dono de um chute poderoso em bolas paradas e perito em cobranças de lateral. Foi dele o passe para o gol de Gerd Müller que deu à Alemanha o título da Copa de 1974. Foi titular absoluto do Borussia entre 1970 e 1978. Só para variar, foi revelado pelo clube.

Wohlers: chegou ao Borussia em 1975 e ficou até 1979 reforçando o meio de campo e ataque do time. Disputou 95 jogos de Bundesliga pelo clube e marcou seis gols.

Danner: outro meio-campista de qualidade, Dietmar Danner foi uma das grandes estrelas do Borussia entre 1971 e 1980. Tinha muita velocidade, corria o campo inteiro e ajudava o ataque de qualquer lado do campo. A partir de 1976, por conta de uma lesão, passou a jogar menos no time e encerrou a carreira precocemente em 1983.

Le Fevre: o dinamarquês brilhou entre 1969 e 1972 no Borussia pela ponta esquerda, marcando gols importantes e sendo crucial para o bicampeonato alemão de 1970 e 1971. Era elegante, técnico e tinha um chute muito eficaz. Deixou a equipe para jogar na Bélgica.

Simonsen: um dos mais talentosos jogadores dinamarqueses de todos os tempos, Allan Simonsen foi um dos craques de maior prestígio no Borussia entre 1972 e 1979. Ganhou quase tudo com a equipe e foi eleito, em 1977, o Bola de Ouro da Revista France Football como melhor jogador do continente. Disputou 178 partidas de Bundesliga e marcou 76 gols, sendo sempre um dos maiores artilheiros do time. Foi presença constante, também, na seleção, onde marcou 20 gols em 55 jogos. Tinha agilidade, precisão nos chutes e muita técnica, além de crescer em decisões.

Netzer: revelado pelo Borussia em 1963, Netzer foi um dos maiores jogadores da Alemanha nos anos 60 e 70, além de ser considerado um mito em passes e lançamentos. Infernal em campo, com habilidade, técnica e visão de jogo, Netzer tinha um defeito: era tempestivo, autoritário e polêmico. Por isso, não conseguiu brilhar na Copa de 1974. Um fato que comprova o jeito de ser do craque na época foi a final da Copa da Alemanha de 1973, quando ele, então no banco de reservas, tirou o colete e disse “eu vou jogar agora!”, sem pedir permissão para o técnico, se autocolocando no jogo. Ele entrou e apenas três minutos depois marcou o gol do título do Borussia…

Jensen: outro craque dinamarquês a desembarcar no Borussia, em 1972, Jensen foi uma das estrelas do super ataque da equipe até 1976. Conquistou duas Bundesligas, uma Copa da Alemanha e a Copa da UEFA de 1975. Em pouco mais de 120 jogos de Campeonato Alemão pelo clube, marcou 44 gols.

Nielsen: foi uma das peças do meio de campo e do ataque do Borussia entre 1976 e 1981. Chegou no período em que o time começava a se enfraquecer, mas ainda sim conquistou títulos, como a Copa da UEFA de 1979.

Laumen: antes de Heynckes e Simonsen monopolizarem o ataque do Borussia, foi Herbert Laumen o artilheiro do time em grande parte dos anos 60 e começo dos anos 70. De 1961 até 1971, o atacante marcou 118 gols em 247 jogos de Bundesliga, conquistando os títulos de 1970 e 1971. Deixou a equipe justamente naquele início de era de ouro.

Heynckes: muitos conhecem Jupp Heynckes apenas por sua trajetória como técnico, que inclui vários títulos por clubes, mas o alemão foi jogador de futebol na juventude. E dos bons. Heynckes foi um dos maiores atacantes de seu tempo e a grande estrela do Borussia naquela década de 70. O craque é até hoje um dos maiores artilheiros da Bundesliga com 226 gols em 375 jogos, além de ter sido o artilheiro do torneio pelo Borussia em 1974 (30 gols) e 1975 (27 gols). Foi um dos heróis da conquista da Copa da UEFA de 1975 ao marcar três dos cinco gols na goleada de 5 a 1 sobre o Twente, na grande final. Foi campeão da Europa e do mundo pela seleção da Alemanha em 1972 e 1974, respectivamente, e só não foi titular porque tinha um rival mítico: Gerd Müller.

Lienen: meio-campista, Ewald Lienen chegou ao Borussia em 1977 e perdeu a chance de conquistar uma Bundesliga pelo clube, mas ainda teve tempo de levantar uma Copa da UEFA em 1979, na qual contribuiu com gols importantes contra Manchester City e Duisburg no caminho até a decisão.

Hennes Weisweiler e Udo Lattek (Técnicos): Weisweiler é, sem dúvida, o grande responsável por fazer do Borussia uma das maiores forças do futebol alemão e europeu naquela década de 70. Com uma filosofia disciplinadora e foco no futebol ofensivo, seu time dava shows em campo e criava muitas oportunidades de gol, resultado claro do trabalho de grupo que o treinador propunha naquele tempo. Depois que deixou a equipe, muitos pensaram que o Borussia perderia a intensidade, mas se enganaram. Com Udo Lattek, a equipe manteve a sina vencedora em casa conquistando dois títulos nacionais e chegou inclusive a uma final de Liga dos Campeões da UEFA, em 1977, perdida para o Liverpool. Em 1979, Lattek deu a volta por cima dando ao clube mais uma Copa da UEFA e se despediu com três títulos conquistados. Leia mais sobre a carreira de Udo Lattek clicando aqui.

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Jupp Heynckes: atacante fantástico e treinador vitorioso.

 

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2 Comentários

  1. Times como o Hamburgo, como o Dortmund, como o Mönchengladbach, poderiam sempre brigar por títulos junto com o Bayern. Mas o fato, é que o Futebol Alemão só tem uma grande potência, e essa potência se chama Bayern München. Desde os anos 70, é o único que sempre está brigando pelo 1º lugar. Já outros como os citados acima, tem seus grandes momentos! Mas infelizmente são momentos passageiros. Não há em nenhum país, um Clube tão soberano, como é o Bayern na Alemanha. Quem é o maior rival do Bayern? Acho que esse título nem pertence a um Clube Alemão, e sim a um Clube Espanhol que se chama Real Madrid. Qual é o grande Clássico que inclui o Bayern München? De forma definitva, não existe! Mas pelo menos existe de forma passageira, e em um desses momentos passageiros, o grande rival do Bayern e o grande clássico envolvendo o clube Bávaro era contra esse timaço do Mönchengladbach nos anos 70. Duelos épicos de uma geração de ouro do Futebol Alemão.

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