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Craque Imortal – Ronaldo

 

Nascimento: 18 de Setembro de 1976, no Rio de Janeiro (RJ), Brasil. OBS.: ele nasceu no dia 18 de setembro e foi registrado no dia 22 de setembro.

Posição: Centroavante

Clubes: Cruzeiro-BRA (1993-1994), PSV-HOL (1994-1996), Barcelona-ESP (1996-1997), Internazionale-ITA (1997-2002), Real Madrid-ESP (2002-2007), Milan-ITA (2007-2008) e Corinthians-BRA (2009-2011).

Principais títulos por clubes: 1 Copa do Brasil (1993) e 1 Campeonato Mineiro (1994) pelo Cruzeiro.

1 Copa da Holanda (1996) pelo PSV.

1 Recopa Europeia (1997), 1 Copa do Rei (1997) e 1 Supercopa da Espanha (1996) pelo Barcelona.

1 Copa da UEFA (1998) pela Internazionale.

1 Mundial Interclubes (2002), 2 Campeonatos Espanhóis (2003 e 2007) e 1 Supercopa da Espanha (2003) pelo Real Madrid.

1 Copa do Brasil (2009) e 1 Campeonato Paulista (2009) pelo Corinthians.

Principais títulos por seleção: 2 Copas do Mundo (1994 e 2002), 2 Copas Américas (1997 e 1999), 1 Copa das Confederações (1997) e 1 Medalha de Bronze Olímpica (1996) pelo Brasil.

Principais títulos individuais:

Melhor Jogador do Mundo pela FIFA: 1996, 1997 e 2002

Bola de Ouro da Revista France Football: 1997 e 2002

Onze d´Or: 1997 e 2002

Melhor Jogador do Mundo pela Revista World Soccer: 1996, 1997 e 2002

Chuteira de Ouro da UEFA: 1997

Melhor Jogador da Copa do Mundo FIFA: 1998

Melhor Jogador do Mundial Interclubes: 2002

FIFA 100: 2004

Eleito para o Dream Team do Ballon d’Or da revista France Football: 2020

Eleito para a Seleção dos Sonhos do Brasil do Imortais: 2020

Eleito para o Time dos Sonhos do Barcelona do Imortais: 2021

Eleito para o Time dos Sonhos do Corinthians do Imortais: 2021

Eleito para o Time dos Sonhos do Cruzeiro do Imortais: 2021

Eleito para o Time dos Sonhos do Real Madrid do Imortais: 2021

Eleito para o Time dos Sonhos da Inter de Milão do Imortais: 2022

 

 

Artilharias:

Supercopa Libertadores de 1993 (12 gols)

Campeonato Mineiro de 1994 (23 gols)

Campeonato Holandês de 1994/95 (30 gols)

Campeonato Espanhol de 1996/97 (34 gols)

Copa América de 1999 (5 gols)

Copa do Mundo de 2002 (8 gols)

Campeonato Espanhol de 2003/04 (25 gols)

Segundo Maior artilheiro da história das Copas do Mundo (15 gols em 4 edições): 1994 (não jogou), 1998 (4 gols), 2002 (8 gols) e 2006 (3 gols)

 

“Fenômeno da bola”

Por Guilherme Diniz

O mundo do futebol acompanhou ao longo da década de 1990 e início da de 2000 a saga de um dos maiores jogadores da história do esporte: Ronaldo Luís Nazário de Lima, mais conhecido como Ronaldo ou até mesmo Ronaldinho. O maior atacante brasileiro depois de Romário viveu momentos de brilho absoluto, dramas inacreditáveis e uma ascensão digna de cinema. Ronaldo mostrou que com perseverança e força de vontade é possível driblar uma quase aposentadoria precoce e conquistar o mundo tempo depois. E provou, também, que mesmo acima do peso, deixava muito magrinho comendo poeira pelo caminho. O Imortais relembra a história de um ídolo nacional. E de um centroavante fenomenal.

 

De São Cristóvão a Minas

A infância do menino Ronaldo já dava indícios de que ele seria jogador de futebol. O garoto adorava jogar bola e matava aulas em Bento Ribeiro para jogar futsal no Valqueire Tênis Clube. Tempo depois, tentou a sorte no Flamengo, seu time do coração na infância (hoje em dia o time do craque é outro, como todo mundo sabe…), mas, por não ter dinheiro para pagar as quatro conduções que tinha que utilizar para ir até a Gávea, foi parar no São Cristóvão, mais perto da sua casa e mais organizado que o rubro-negro, pois pagava a condução do garoto. O ex-craque Jairzinho viu o jovem Ronaldo jogar no São Cristóvão e ficou abismado com a técnica e faro de gol do jovem. Com isso, o “Furacão da Copa de 70” levou Ronaldo, aos 16 anos, para o Cruzeiro, clube que seria a sua primeira vitrine para o estrelato.

 

Arrebentando

Ronaldo estreou no time profissional do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 1993. Antes, acompanhou a delegação mais como um espectador, para adquirir a experiência de um profissional com relação a viagens, concentração e tudo mais, além de presenciar de perto a conquista da Copa do Brasil daquele ano, contra o Grêmio. Depois de conhecer o “mundo do futebol”, Ronaldo mostraria que era mesmo diferente marcando 12 gols no Campeonato Brasileiro, sendo o terceiro artilheiro do Campeonato. Em uma de suas partidas mais marcantes, anotou cinco gols na goleada do Cruzeiro sobre o Bahia, com direito a um gol maroto no goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez, ao roubar a bola do arqueiro num lance de distração e colocar a bola no fundo das redes. Em outra partida, contra o Corinthians, Ronaldo recebeu um cruzamento da direita, pulou como se fosse cabecear, mas matou a bola no peito, virou o corpo e sem deixar a pelota cair no chão encheu o pé em direção ao gol, mas a bola passou tirando tinta da trave superior do Timão. As atuações do jovem craque fizeram seu passe valorizar para 10 milhões de dólares apenas em 1993.

Em 1994, ele foi um dos protagonistas no título do Campeonato Mineiro do Cruzeiro, ao ser o artilheiro da competição com notáveis 22 gols. Jogando muito, foi difícil para o Cruzeiro segurar o jovem de 17 anos. Pouco antes da Copa do Mundo, o PSV comprou o atacante por 6 milhões de dólares. O craque deixava a Raposa com uma incrível marca de 44 gols em 46 partidas.

 

Tetracampeão de camarote

Ronaldo ganhou o apelido de Ronaldinho ao entrar no grupo da seleção brasileira que foi para a Copa do Mundo de 1994, nos EUA. Como na equipe já havia o zagueiro Ronaldão, o garoto acabou virando Ronaldinho. Extremamente jovem e sem lugar numa equipe que já contava com a dupla estrelar Romário e Bebeto, Ronaldo apenas assistiu a seleção conquistar, depois de 24 anos, o título de campeã mundial, na decisão imprópria para cardíacos contra a Itália. Ronaldo era, com apenas 17 anos, campeão do mundo. O título lhe encheu de moral para começar a provar seu valor e assumir de vez a titularidade na seleção. Antes, porém, era preciso mostrar serviço em seu novo clube: o PSV.

 

Ronaldoooooo!

Matador, frio, decisivo e habilidoso ao extremo, Ronaldo logo cravou seu espaço no futebol holandês ao marcar 24 gols em suas primeiras 26 partidas pelo PSV. O brilho do craque fazia a torcida relembrar a trajetória de outro gênio que havia passado por lá, Romário, que na época terminava seu período no Barcelona para voltar ao Flamengo. Os holandeses logo transformaram o craque em ídolo e gritavam “Rrronaldoooooo”, mesmo com muita dificuldade na pronúncia, nas partidas em que o craque jogava. Na temporada 1994/1995, Ronaldo foi o artilheiro do Campeonato Holandês com 30 gols, deixando para trás o grande matador do torneio à época, Patrick Kluivert. Foi também a maior quantidade de gols marcados por um artilheiro desde Marco van Basten e seus 37 gols na temporada 1985/1986. Porém, Ronaldo seria deixado de lado pelo técnico Dick Advocaat no ano de 1996, o que abriu caminho para o craque procurar outro clube. Depois das Olimpíadas, ele passaria a integrar o Barcelona, que comprou o jogador por 20 milhões de dólares.

 

A primeira decepção na seleção

Ronaldo tinha passado por uma pequena cirurgia no joelho (já consequência das violentas entradas dos zagueiros adversários) quando integrou o time do Brasil nas Olimpíadas de Atlanta (EUA), em 1996. Mesmo sem estar 100% fisicamente, marcou cinco gols e ajudou o Brasil a chegar até as semifinais, mas a seleção perdeu de maneira vergonhosa para a Nigéria por 4 a 3, após estar vencendo por 3 a 1. O craque foi um dos poucos poupados pela imprensa e público do fiasco. A medalha de Bronze foi um mero consolo para a campanha da equipe.

 

Surge o “Fenômeno”

Ronaldo chegou ao Barcelona em 1996 em uma trajetória muito parecida com a de Romário. O craque chegava como estrela no clube catalão e tinha uma idolatria parecida com a que Maradona teve na década de 80. Em 1996, Ronaldo marcou 17 gols em 20 partidas e brilhou demais no time. Suas atuações renderam o apelido de “Fenômeno” e culminaram com a conquista do prêmio de Melhor Jogador do Mundo pela FIFA.

Em 1997, o craque mostrou ainda mais que era mesmo um Fenômeno. O craque ajudou o Barça a conquistar os títulos da Copa do Rei e o principal deles, a Recopa Europeia, quando marcou o gol do título, de pênalti, na final contra o PSG (FRA). O jogador escreveu seu nome na história ao ser o artilheiro do Campeonato Espanhol com 34 gols em 37 jogos, uma média absurda de 0,91 gols por jogo. Suas atuações, arrancadas, dribles e golaços o fizeram um popstar, além de se tornar o jogador mais cobiçado do planeta.

 

Canecos com o Brasil

Arrebentando na Espanha, Ronaldo foi o grande nome da seleção brasileira na conquista da Copa América de 1997, fazendo dupla com Romário, apelidada de “Ro-Ro”. O jogador marcou cinco gols e foi um dos grandes nomes da seleção. Tempo depois, faturou também a Copa das Confederações. Naquela época, porém, começariam os problemas do jogador com a imprensa, que não o deixava por um segundo sequer em busca de imagens, fotos, flagras ou qualquer fato com o jogador. Era dura a vida de estrela…

 

Melhor do mundo (pela segunda vez)

O ano mágico de 1997 rendeu a Ronaldo o segundo título de melhor jogador do mundo pela FIFA. Era a primeira vez que um jogador vencia de maneira consecutiva o título concedido pela entidade máxima do futebol. Ronaldo estava, enfim, no topo do mundo. Ele era o mais cobiçado, o mais caçado em campo e fora dele, e o mais idolatrado.

 

Mudando de ares

Ainda em 1997, Ronaldo trocou o Barcelona pela Internazionale. O craque estava muito habituado à Espanha e ao futebol do país, por isso, o desafio de jogar na Itália, de início, poderia deixá-lo ressabiado. Porém, logo ele mostraria seu talento e anotou 14 gols em 19 jogos, terminando a temporada 1997/1998 com 25 gols marcados. O jogador seria decisivo na conquista de mais um título continental: a Copa da UEFA, ao anotar vários gols importantes (como os dois na semifinal contra o Spartak, da Rússia) e um dos 3 gols na final contra a rival Lazio. Ao lado de Zamorano e do brasileiro Zé Elias, Ronaldo conquistava o coração dos torcedores da Inter. Mas o foco do atacante era um só: a Copa do Mundo.

 

 

Do céu ao inferno

Ronaldo era o grande astro da Copa do Mundo de 1998. Mais de 1000 jornalistas ficavam na cola do jogador quase que 24 horas por dia, sem contar patrocinadores, fãs, colegas e a própria comissão técnica. O ambiente era conturbado e, para piorar, o jogador ainda não estava 100% fisicamente por conta de dores na perna, que ele tratava com analgésicos. Mesmo assim, Ronaldo marcou 4 gols (um contra Marrocos, dois contra o Chile e um contra a Holanda) na campanha do Brasil até a final, a segunda consecutiva. A seleção era favorita contra os donos da casa, a França, mas o que era para ser uma partida histórica virou um pesadelo.

Às 14h03 daquela tarde, Ronaldo perdeu a consciência ao sofrer uma crise convulsiva tônico-clônica generalizada, que acabou difundida como convulsão na mídia para facilitar o entendimento. Ele tremeu com violência, sua musculatura enrijeceu, ele babou, mudou de cor, se transfigurou. Roberto Carlos, companheiro de quarto do jogador, rapidamente foi pedir ajuda e encontrou Edmundo, que chamou o Dr. Lídio Toledo. Ele avaliou o jogador e percebeu a convulsão. Na sequência, o médico Joaquim da Mata também avaliou o jogador e pediram para todos que estavam ali no quarto saíssem para que Ronaldo pudesse descansar. Três horas depois, o jogador foi levado para a Clinique des Lilas, em Paris, para fazer uma bateria de exames. Enquanto era examinado, poucos acreditavam que ele tinha condições de jogo. E ele na verdade nem deveria ser escalado. As primeiras horas após uma crise como essa, segundo os médicos, são as mais perigosas. A pessoa entra num estado de letargia, fica sonolenta, morosa, sem noção do que está passando ou fazendo.

Zagallo não foi comunicado do ocorrido. Só depois. E, enquanto ainda não se tinha uma notícia atualizada e com menos de duas horas para o início do jogo, Edmundo foi escalado. Mas, tempo depois, o técnico recebeu o comunicado dos médicos Lídio Toledo e Joaquim da Mata de que Ronaldo tinha condições de disputar a decisão pelo fato de os exames não acusarem nada. Ainda na clínica, Ronaldo mostrava ansiedade e disse aos médicos que queria jogar e até prometeu marcar um gol. Faltando apenas uma hora para a partida, Ronaldo chegou ao estádio e encontrou Zagallo. O técnico conversou com o atacante e mudou a escalação. Zagallo disse: “O melhor jogador do mundo pede para jogar, os médicos liberam, vou fazer o quê? Escalei.”

Mas o que pouca gente percebeu era que o Brasil já tinha perdido a Copa ali. Os médicos acabaram pressionados em escalar o jogador muito por causa da expectativa e dos patrocinadores envolvidos. Eles ficaram com o receio de serem culpados em barrar o “melhor do mundo” justo na final. Em caso de derrota do Brasil, a culpa cairia no colo deles. Se fosse qualquer outro jogador, não jogaria. Mas era Ronaldo. “O” cara. Lídio Toledo comentou o episódio:

 

“Veja minha situação: Ronaldinho diz que está bom e o médico veta. O time perde. No dia seguinte, o jogador declara que estava bem e que fulano-de-tal o barrou. Vou ter que mudar de país. Vou para o Pólo Norte virar esquimó!”. – Lídio Toledo, em entrevista ao repórter Luís Estevam Pereira e publicada no Especial de 35 anos da revista Placar, novembro de 2005.

 

Mas tudo aquilo foi provavelmente uma consequência de tudo o que Ronaldo passou na França. O excesso de responsabilidade jogado em cima dele, bem como o enorme contingente de pessoas na cola do atacante abalaram emocionalmente o jogador. Com 21 anos, tudo aquilo foi demais para o jovem, que não demonstrava o mesmo carisma e alegria dos tempos de Cruzeiro, PSV, Barcelona e Internazionale. Ele tinha na maioria das vezes o semblante tenso, de uma pessoa com enorme responsabilidade e tido como salvador da pátria, rei.

Na entrada das equipes no gramado, era visível que Ronaldo não estava bem. Ele entrou de cabeça baixa, com os companheiros tentando animá-lo. César Sampaio chegou a dizer que “a todo momento os jogadores olhavam para ele pensando que ele teria uma crise de novo”. Muitos até temiam pela vida do atacante. E, como não poderia deixar de ser e diante de um cenário tão tenso, só a França jogou. Para evitar que o atacante cabeceasse, ficou combinado que ele não iria participar das jogadas aéreas do time quando o adversário atacasse. A princípio, o atacante, de 1,83m, iria marcar Zidane, de 1,85m. Coube a Leonardo, de 1,77m, a atribuição. Péssima escolha. Zidane subiu sozinho duas vezes no primeiro tempo para fazer 2 a 0 França. No segundo tempo, bastou os Bleus cozinharem o jogo e Petit ainda fazer 3 a 0, nos acréscimos, e decretar o “un, deux, trois…. Zéro!” tão gritado pelos franceses. A França foi campeã mundial pela primeira vez. E o Brasil amargou seu segundo vice na história das Copas. Na Copa em que mais se esperava dele, tudo deu errado. De quem era a culpa? Ninguém soube explicar, o certo era que ali começaria a fase mais dramática da carreira do Fenômeno.

 

As contusões

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Depois da Copa, Ronaldo começou a aparecer mais na mídia do que nos gramados. Por conta de intensos compromissos, problemas de tendinite e jogos pela seleção, o jogador pouco jogou pela Internazionale. O jogador participou da conquista da Copa América de 1999, mas sem a explosão característica e beneficiado pelo terrível nível técnico dos adversários sul-americanos na época. Na mesma temporada 1999/2000, Ronaldo estourou o joelho em sua primeira grande lesão, jogando pela Inter, ficando cinco meses longe dos gramados.

O maior dos dramas ocorreu em abril de 2000, em sua primeira partida após a recuperação da cirurgia no joelho. Em partida pela Copa da Itália, contra a Lazio, ele acabara de entrar em campo quando seu joelho direito cedeu em sua primeira tentativa de drible, saindo do lugar. A imagem de Ronaldo gritando e chorando de dor comoveram o planeta. Será que ele seria capaz de voltar a jogar? Era impossível de se dizer.

 

A recuperação

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Depois de operar pela segunda vez o joelho, Ronaldo passou por um intenso período de tratamento, fisioterapia e recuperação, que duraram longos 15 meses. O jogador mostrou uma imensa força de vontade e conseguiu o que muitos duvidavam: voltar a jogar. O atacante calou aqueles que achavam que ele estava acabado e que não seria mais o mesmo. Mesmo atuando pouco na Inter, ele ganhou o apoio do técnico da seleção Luiz Felipe Scolari, que contava com ele para a Copa do Mundo de 2002.

 

O renascimento

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Depois de dois anos sem jogar pela seleção, Ronaldo voltou em 2002 para o grande compromisso: a Copa do Mundo. Com uma imensa cicatriz no joelho, o atacante ainda gerava dúvidas na torcida e nos críticos quanto ao seu desempenho. Romário, que na época ainda jogava em bom nível, foi solenemente deixado de lado por Felipão, que criou um ambiente “familiar” e muito unido, blindando os jogadores para que nada os atrapalhasse na caminhada do penta. A política deu certo e Ronaldo, ao lado de Rivaldo e a estrela em ascensão Ronaldinho Gaúcho, brilhou como nunca naquela Copa. O jogador marcou gol em todos os jogos da primeira fase, contra Turquia (1), China (1) e Costa Rica (2). Nas oitavas de final, fez mais um na vitória por 2 a 0 contra a Bélgica. Nas quartas, passou em branco pela primeira e única vez, e assistiu Rivaldo e Ronaldinho comandarem a virada sobre a Inglaterra por 2 a 1. Nas semifinais, em um duelo complicadíssimo contra a Turquia, Ronaldo marcou, de bico, o gol que colocou o Brasil em mais uma final de Copa, a terceira consecutiva. O penta estava muito perto.

 

A consagração definitiva

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Na final contra a Alemanha, em um confronto inédito em Copas, o Brasil não conseguiu furar a meta do paredão alemão Oliver Kahn no primeiro tempo, até que no segundo, Ronaldo aproveitou a bobeada do goleirão depois de um chute de Rivaldo e fez o primeiro gol do jogo. Apenas 12 minutos depois, Ronaldo fez mais um, o oitavo dele na Copa (ele foi o artilheiro e o primeiro a marcar mais de 7 gols desde o Mundial de 1974) e o decisivo tento que decretou o 2 a 0 no placar para o Brasil. A seleção era pentacampeã mundial de futebol! Ninguém mais no planeta merecia mais aquele título que o Fenômeno. Era a consagração definitiva para calar a boca de todos aqueles que duvidaram dele.

 

De volta à Espanha

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Com moral depois da conquista da Copa, Ronaldo decidiu sair da Inter, principalmente pelas desavenças com o técnico Héctor Cúper, a quem acusava de usá-lo em campo sem condições físicas. O jogador queria voltar para o seu querido Barcelona, mas o clube catalão passava por uma crise financeira e não tinha como pagar a multa rescisória do craque. Quem se aproveitou foi o Real Madrid, que já contava com seu esquadrão galáctico campeão da Europa bem no ano do centenário.

Por 39 milhões de euros, Ronaldo desembarcou em Madrid no mês de agosto de 2002 como a peça final de um time estrelar. O começo não foi tão bom, com poucos gols e algumas vaias da exigente torcida merengue, que não aturava a baixa média de gols do atacante. Tempos depois, no Japão, ele se redimiu sendo o melhor em campo e marcando um gol na vitória do Real Madrid por 2 a 0 contra o Olimpia (PAR), na decisão do Mundial Interclubes de 2002.

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O melhor do mundo (pela terceira vez)

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Ronaldo sacramentou sua volta por cima ao faturar pela terceira vez na carreira o prêmio de Melhor Jogador do mundo pela FIFA em 2002. Era o que faltava para um ano muito especial para ele. Em 2003, o craque conquistou o tão almejado título de campeão espanhol pelo Real, no torneio em que ele marcou 23 gols. Em seguida, veio a Supercopa da Espanha, o que seria o último grande título dele com a camisa do Real até 2007, quando conquistou outro título nacional. Antes, porém, tinha mais uma Copa pela frente.

 

Quadrado mágico “desceu quadrado”

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O Brasil era novamente o favorito na Copa do Mundo de 2006. Com remanescentes da conquista de 2002, e estrelas como Kaká, Adriano, Ronaldinho, Roberto Carlos e o próprio Ronaldo, a seleção parecia que não teria adversários em busca do hexa. Parecia. Depois de partidas sofríveis e um desempenho pífio de suas estrelas, o Brasil foi eliminado nas quartas de final para a França de Zidane e Henry. O único fator positivo para Ronaldo foi ele ter se tornado (até 2014, quando ele foi superado pelo alemão Klose) o maior artilheiro da história das Copas com 15 gols marcados em 3 edições jogadas (em 1994, ele não entrou em campo). Aquela foi a última Copa do Fenômeno.

 

Gordo?

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Depois do fracasso no mundial, Ronaldo começou a aparecer bastante na mídia por conta de uma nova polêmica: seu peso. O atacante começava a ostentar uma vertiginosa e contundente “barriguinha”, que levava os críticos a sabatinarem todos os dias o atacante. Com isso, ele começou a perder espaço no Real Madrid, principalmente com a chegada do holandês Ruud van Nistelrooy. Em 2007, cansado da reserva e da insistência da torcida quanto ao seu desempenho, o Fenômeno deixou o clube e voltou a Milão, para jogar no Milan.

 

Nada de brilho e novo drama

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No Milan, Ronaldo deixou o cabelo crescer, vestiu a camisa 99 e descobriu que tinha hipotireoidismo, possível causa de sua engorda. O jogador tratou o problema e começou a temporada 2007/2008 com cinco quilos a menos. Ao lado de Kaká e Pato, o jogador começou um trio promissor no ataque do Milan, mas a alegria durou pouco: em fevereiro de 2008, após entrar em campo no lugar de Gilardino, o atacante sofreu uma contusão em seu primeiro lance no jogo, o afastando dos gramados por longos meses. O Milan decidiu não renovar o contrato com o astro e o jogador voltou para o Brasil, onde ficaria em definitivo.

 

Um novo “louco” em SP

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No Brasil, Ronaldo passou um tempo treinando no Flamengo, seu time do coração, e manifestava o desejo de vestir a camisa rubro-negra. Porém, por conta do habitual despreparo administrativo do time carioca, o jogador acabou deixando a Gávea e, em dezembro de 2008, foi anunciado como reforço do Corinthians, que acabava de voltar à elite depois de um ano tenebroso na série B do Campeonato Brasileiro. A vinda de Ronaldo seria um divisor de águas para sempre no time paulista. O craque criaria um novo modelo de gestão de patrocínios, em que não só ele, mas também o clube ganhariam dinheiro e muita visibilidade. Resultado disso foram os contratos milionários de patrocínio que o Corinthians firmou e várias campanhas de marketing para explorar a imagem do Fenômeno no time.

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Ronaldo estreou pelo Corinthians contra o Itumbiara, na Copa do Brasil, mas pouco fez. A estreia definitiva foi contra o Palmeiras, em clássico válido pelo Campeonato Paulista. O Timão perdia por 1 a 0 até os minutos finais de jogo quando, aos 47´do segundo tempo, Ronaldo aproveitou um escanteio e cabeceou para o fundo do gol do Palmeiras, marcando seu primeiro gol com a camisa do Corinthians. O delírio foi geral e o jogador até derrubou o alambrado do estádio na comemoração com a torcida. Era a deixa para que ele, mesmo acima do peso e jogando apenas algumas partidas, virasse ídolo da fiel.

 

Papando títulos

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Ronaldo foi fundamental no primeiro semestre de 2009 para o Corinthians. Ele ajudou a equipe a vencer de maneira invicta o Campeonato Paulista, com direito a uma apresentação épica na Vila Belmiro, quando marcou um gol “fenomenal” no Santos (que já tinha o menino Neymar em campo). Tempo depois, foi a vez da conquista da Copa do Brasil, quando o Corinthians venceu o Internacional na decisão, com Ronaldo marcando um dos gols da vitória no primeiro jogo. O título significava a vaga na Libertadores de 2010, justamente no ano do centenário do time. No segundo semestre, Ronaldo atuou em partidas pontuais e marcou, no total, 23 gols, sendo 12 no Brasileirão.

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Conquistas apenas fora de campo

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O ano de 2010, do centenário do Corinthians, foi sensacional fora de campo, mas terrível dentro dele. O time foi eliminado da Libertadores nas oitavas de final justamente para o Flamengo. No Brasileiro, o time perdeu o título nas rodadas finais para o Fluminense. No final, a equipe não conquistou uma taça sequer no centenário, que virou motivo de piada para os adversários, que apelidaram o ano de “semternada”. Mas o Corinthians virou o clube mais valioso e divulgado no Brasil naquele ano, graças principalmente a imagem de Ronaldo, que elevou o clube a um patamar jamais imaginado pelo mais otimista presidente ou diretor de marketing. Ronaldo mostrou que era, também, um Fenômeno quando o assunto era visibilidade e contratos de publicidade. Em um ano fraco em campo, com lesões e poucos gols, Ronaldo continuou sua guerra contra a balança, mas sem sucesso. Ele percebia que sua carreira, por mais que ele tentasse negar, estava perto do fim.

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O desastre na Libertadores e o adeus

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O Corinthians se garantiu apenas na pré-Libertadores de 2011 por conta do desempenho no Brasileiro de 2010. O time iria encarar o inexpressivo Tolima, da Colômbia. Crente da classificação, o time brasileiro pareceu ter entrado de salto alto nos dois jogos e, após empatar sem gols no Pacaembu, foi derrotado na Colômbia por 2 a 0, sendo eliminado de maneira vexatória da competição. Aquele foi o estopim para Ronaldo anunciar, em fevereiro, sua aposentadoria.

O jogador não aguentava mais as dores, o excesso de peso, as críticas e a pressão. Em um anúncio emocionante, ele explicou que “pensava e sabia o que queria fazer com a bola, mas seu corpo não deixava mais”. Ao lado dos filhos, agradeceu demais a tudo e a todos, e declarou seu amor ao time que o recebeu, que acreditou nele e que o contagiou para sempre: o Corinthians. Meio que como um agradecimento, naquele mesmo ano, o Timão foi campeão brasileiro, título que foi dedicado ao Fenômeno e, também, ao ex-jogador Sócrates, que faleceu exatamente no dia em que o clube conquistou a taça.

 

Para sempre no coração

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Em junho de 2011, Ronaldo se despediu da seleção brasileira em uma partida amistosa contra a Romênia, no Pacaembu. O craque não marcou, mas pôde se despedir oficialmente do torcedor brasileiro que sempre esteve ao lado dele nos mais diversos momentos, nas glórias de início de carreira, nos dramas e no renascimento de 2002. Ronaldo foi o grande ídolo da geração pós-1996 e um dos maiores atacantes da história do futebol brasileiro e mundial. Suas arrancadas, oportunismo e faro de gol são fantasticamente lembrados até hoje pelos amantes do futebol. Acima de tudo isso, nenhum jogador na história conseguiu construir uma carreira tão brilhante e superar tantas adversidades de maneira plena como Ronaldo conseguiu. O Fenômeno foi, é e sempre será um IMORTAL do futebol. Assim mesmo, com letras maiúsculas, como o seu futebol.

 

Números de destaque:

Disputou 616 jogos e marcou 414 gols na carreira.

Disputou 98 jogos e marcou 62 gols pela Seleção Brasileira.

 

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Comentários encerrados

13 Comentários

  1. operou o joelho 4 vezes no documentario do psv fala que eles venderam ronaldo pro barcelona porque pensavam que ele não iria voltar a ser o mesmo já que no segundo ano em que ronaldo esteve no psv se lesionou e teve que operar o joelho

  2. bom na minha opiniaõ ele é o numero 2 do mundo ele so perde para pele e digo mais se ele não tivesse essas 3 lesões el seria 2 vezes mais o melhor do mundo cocnceorda imotaisdofutebol

  3. Realmente esse cara foi genial, superou 3 lesões, deu a volta por cima na copa de 2002.
    Me deu alegrias tanto na seleção quanto no Corinthians, que se revolucionou após a sua chegada.

    Valeu Ronaldo.

Esquadrão Imortal – Grêmio 1994-1997

O dia em que a França entrou de branco. E verde!