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Esquadrão Imortal – Liverpool 1975-1984

 

O time de 1984. Em pé: Bruce Grobbelaar Alan Kennedy, Kenny Dalglish, Mark Lawrenson, Alan Hansen e Ian Rush. Agachados: Phil Neal, Sammy Lee, Graeme Souness, Craig Johnston e Ronnie Whelan.

 

Grandes feitos: Tetracampeão da Liga dos Campeões da UEFA (1976-1977, 1977-1978, 1980-1981 e 1983-1984), Campeão da Supercopa da UEFA (1977), Campeão da Copa da UEFA (1975-1976), Heptacampeão Inglês (1975-76, 1976-77, 1978-79, 1979-80, 1981-82, 1982-83 e 1983-84), Tetracampeão da Copa da Liga Inglesa (1980-81, 1981-82, 1982-83 e 1983-84) e Pentacampeão da Supercopa da Inglaterra (1976, 1977, 1979, 1980 e 1982).

Time base: Ray Clemence (Bruce Grobbelaar); Phil Neal, Tommy Smith (Phil Thompson / Alan Hansen), Emlyn Hughes (Mark Lawrenson) e Joey Jones (Alan Kennedy); Ian Callaghan (Craig Johnston), Jimmy Case (Sammy Lee), Ray Kennedy (Graeme Souness) e Terry McDermott (David Johnson / David Fairclough / Ronnie Whelan); Steve Heighway (Ian Rush) e Kevin Keegan (Kenny Dalglish). Técnicos: Bob Paisley (1975-1983) e Joe Fagan (1983-1984).

 

“Reis da Inglaterra”

Por Guilherme Diniz

As décadas de 70 e 80 foram mágicas para um esquadrão vermelho situado na terra dos Beatles. O Liverpool FC foi o rei absoluto da Inglaterra (e também por muitos anos da Europa) de 1975 até 1984 jogando um futebol vigoroso, rápido e extremamente competitivo, sob a batuta de ótimos ingleses como Clemence, Neal, Kennedy, McDermott e os brilhantes escoceses Hansen, Dalglish e Souness. O padrão de jogo criado pelo técnico bonachão Bob Paisley virou referência no país e sinônimo de muitos títulos na galeria de troféus. O Liverpool foi imponente e também o mais temido por muitos anos, capaz de destroçar rivais poderosos, tidos como quase invencíveis em finais (que o diga o Real Madrid, em 1981) e até superar a Roma de Falcão jogando na casa do adversário em uma final europeia. A maioria dos feitos do time segue insuperável pelos rivais da Inglaterra até hoje, como em ser o maior vencedor da Liga dos Campeões da UEFA. É hora de relembrar as façanhas de um time que não cansou de ser campeão em 10 anos maravilhosos.

 

Chegam os ares hegemônicos

Bob Paisley, Emlyn Hughes, Steve Heighway e Kevin Keegan, estrelas do Liverpool de ouro.

 

Em 1974 chegou ao Liverpool o técnico que mudaria para sempre a história do clube: o inglês Bob Paisley. O novo treinador havia sido jogador do clube em toda a sua carreira, de 1939 até 1954. Extremamente ligado ao Liverpool, Paisley começou a desempenhar seu papel de ótimo líder, além de saber ouvir e orientar de maneira precisa seus jogadores. Paisley era, também, fisioterapeuta, e trabalhou na equipe técnica do clube antes de se aventurar como treinador. Mal sabia ele que começava ali uma era de ouro do Liverpool.

 

As primeiras glórias

O Liverpool raspou a mão na taça do campeonato inglês na primeira temporada de Paisley no clube. A equipe ficou apenas dois pontos atrás do campeão, Derby County, comandado pelo treinador Dave Mackay. A perda do título foi dolorida para os reds, mas o vice-campeonato garantiu uma vaga na Copa da UEFA de 1975/1976. A equipe iniciou a caminhada rumo ao título passando pelo Hibernian, da Escócia, goleando o Real Sociedad (ESP) por 3 a 1 e 6 a 0 e despachando o Slask Wroclaw, da Polônia, por 2 a 1 e 3 a 0.

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Nas quartas de final, o Liverpool passou pelo Dynamo Dresden, da Alemanha Oriental, ao empatar em 0 a 0 o primeiro jogo e vencer a volta por 2 a 1. Nas semifinais, vitória sobre o Barcelona (ESP) em pleno Camp Nou por 1 a 0 na primeira partida e empate em 1 a 1 na volta, garantindo o time inglês na final. A decisão foi contra os belgas do Club Brugge. Na primeira partida, em Liverpool, duelo intenso e disputado, com vitória dos reds por 3 a 2, gols de Ray Kennedy, Jimmy Case e Kevin Keegan. Na volta, o Liverpool jogava pelo empate e foi exatamente esse resultado que arrancou na Bélgica: 1 a 1, com mais um gol de Keegan, garantindo a Copa da UEFA aos ingleses. A conquista seria uma das três da equipe na temporada, somada ao caneco do Campeonato Inglês, conquistado de maneira suada e com apenas um ponto de diferença sobre o vice-campeão, Queens Park Rangers, e a Supercopa da Inglaterra, vencida sobre o Southampton. Com três títulos logo em seu segundo ano no clube, Paisley queria mais: a Liga dos Campeões da UEFA.

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Jimmy Case com algumas taças dos Reds.

 

O sonho europeu

Ser campeão da Liga dos Campeões da UEFA era algo para poucos, ainda mais se tratando de clubes ingleses. Apenas o Manchester United, em 1968, havia vencido o torneio. Se contarmos clubes da Grã-Bretanha, a lista de campeões ganhava apenas mais um vencedor, o Celtic, da Escócia, campeão em 1967. Voltar a disputar a principal competição da Europa era o desafio que o Liverpool buscava para colocar de vez os seus brilhantes jogadores no topo. A equipe iniciou a competição contra o Crusaders, da Irlanda do Norte, vencendo os dois jogos, por 2 a 0 e 5 a 0. Na fase seguinte, o time mostrou poder de reação após perder o primeiro jogo para o Trabzonspor, da Turquia, por 1 a 0, e vencer a volta, em casa, por 3 a 0. Nas quartas de final, contra o Saint-Étienne (FRA), derrota no primeiro jogo por 1 a 0 e vitória no segundo por 3 a 1, com show da dupla Keegan e Ray Kennedy. Nas semifinais, duas vitórias sobre o Zürich, da Suíça: 3 a 1 e 3 a 0. A equipe chegava pela primeira vez em uma final de Liga dos Campeões. O adversário seria o bom time do Borussia Mönchengladbach, da Alemanha.

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Reis da Europa pela primeira vez

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O Liverpool tinha a chance de conquistar seu segundo título continental seguido, somando à conquista da Copa da UEFA de 1976, na decisão da Liga em Roma. A equipe entrava em campo já com o título de bicampeão da Inglaterra, conquistado em cima do Manchester City. O time marcou o primeiro gol logo aos 28´do primeiro tempo com Terry McDermott. No segundo tempo, empate do Borussia com Simonsen. Tempo depois, Tommy Smith deixou os reds na frente e Phil Neal, de pênalti, marcou o gol do título do Liverpool. A cidade de Roma via o esquadrão vermelho conquistar pela primeira vez o título máximo do futebol europeu e igualar o feito do Manchester United. Era apenas a primeira de muitas que ainda viriam.

O goleiro Clemence com a taça europeia.

 

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O Liverpool campeão europeu de 1977: duas linhas de 4 e movimentação pelas pontas eram as máximas daquele grande time.
O Liverpool campeão europeu de 1977: duas linhas de 4 e movimentação pelas pontas eram as máximas daquele grande time.

 

Ano perfeito

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Terry McDermott, grande arma do meio de campo e do ataque dos Reds.

 

Bicampeão inglês e campeão europeu, o Liverpool ainda ganhou a Supercopa da Inglaterra e a Supercopa da UEFA, massacrando o Hamburgo-ALE por 6 a 0 no segundo jogo da final, com show de McDermott, que marcou 3 gols. Já com o astro escocês Kenny Dalglish brilhando, o Liverpool estava ainda mais forte e feliz da vida: foram 4 títulos em apenas um ano. Porém, a equipe queria manter a boa fase e continuar reinando tanto em casa quanto no continente. Vale lembrar que naquele ano os reds não quiseram disputar o Mundial Interclubes, que passava por um sério boicote dos europeus (leia mais clicando aqui).

 

Tropeço em casa, bi fora dela

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Kevin Keegan (à esq.) abraça o goleiro Ray Clemence, em 1977: ídolos da torcida. Foto: Getty Images.

 

O Liverpool viu o sonho do tricampeonato inglês ruir ao perder o caneco para o surpreendente Nottingham Forest, do célebre técnico Brian Clough. O time ficou 7 pontos atrás, mas não se abateu e partiu em busca do bicampeonato europeu. O primeiro confronto foi contra o Dynamo Dresden, da Alemanha Oriental, e os campeões europeus golearam por 5 a 1 na primeira partida, em Liverpool, com gols de Case (2), Hansen, Neal e Ray Kennedy. Na volta, a derrota por 2 a 1 não foi capaz de tirar os reds das quartas de final. O duelo seguinte foi contra o sempre perigoso Benfica, de Portugal. Mesmo jogando a primeira partida em Lisboa o Liverpool não se intimidou e venceu por 2 a 1, de virada, com gols de Hughes e Case. Na volta, o estádio Anfield Road lotado viu um show dos vermelhos: 4 a 1, gols de Dalglish, Callaghan, McDermott e Neal. Nas semifinais, reencontro com os alemães do Borussia Mönchengladbach. O primeiro jogo, na Alemanha, terminou com vitória alemã por 2 a 1. Na volta, o Liverpool voltou a mostrar sua força e venceu por 3 a 0, gols de Dalglish, Kennedy e Case. O trio levava os reds a mais uma final europeia.

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Delírio em casa

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O Liverpool decidiu “em casa”, no mítico estádio Wembley, na Inglaterra, a Liga dos Campeões de 1977-1978, contra os belgas do Club Brugge. Empurrado por mais de 92 mil torcedores, a equipe inglesa teve as principais chances de gol, mas a bola teimava em não entrar. Até que, aos 62´, a estrela Dalglish marcou o gol salvador, que garantiu o bicampeonato europeu ao Liverpool. Era o ápice do esquadrão vermelho. Ninguém podia com os reds no continente. Novamente, eles não jogaram o Mundial Interclubes, preferindo retomar a liderança em casa, em 1979.

Primeira fila: Joey Jones, Phil Thompson, Ray Clemence, Alan Hansen, John Toshack. Fila central: Joe Fagan, Alec Lindsay, David Fairclough, Ray Kennedy, David Johnson, Phil Neal, Ronnie Moran. Terceira fila, sentados: Jimmy Case, Ian Callaghan, Tommy Smith, Bob Paisley, Emlyn Hughes, Steve Heighway e Terry McDermott.

 

Papéis invertidos

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Depois de conquistar o bi na Europa, o Liverpool cairia logo na primeira fase da Liga dos Campeões de 1978-1979 ao perder para a sensação Nottingham Forest, que igualaria o feito dos reds ao vencer um bicampeonato europeu em 1979/1980. Porém, se a hegemonia europeia havia sido perdida, em casa a equipe retomou o posto de rei. Na temporada 1978-1979, o Liverpool venceu a liga inglesa ficando 8 pontos à frente do Forest. O destaque da campanha foi uma goleada de 7 a 0 pra cima do Tottenham Hotspur. A equipe venceu, também, a Supercopa da Inglaterra ao derrotar o Arsenal na final por 3 a 1, gols de McDermott (2) e Dalglish. No ano seguinte, o time voltou a sucumbir logo na primeira fase da Liga dos Campeões, mas conquistou o bicampeonato inglês ficando dois pontos à frente do Manchester United. Na Supercopa da Inglaterra, vitória sobre o West Ham United por 1 a 0. O time entrava forte novamente na temporada 1980-1981 com o auge do trio escocês Hansen, Dalglish e Souness, a forte defesa com Clemence, Kennedy e Thompson e o ataque com McDermott. Paisley sabia que tinha em mãos o maior esquadrão europeu. E queria retomar o posto de melhor time do continente conquistando um inédito tricampeonato europeu para um clube da Inglaterra.

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O eterno Bob Paisley.

 

Rumo ao topo. De novo.

Na primeira fase da Liga dos Campeões da UEFA de 1980-1981, o Liverpool empatou a primeira partida contra o OPS, da Finlândia, e massacrou sem dó o adversário no jogo de volta, em Liverpool: 10 a 1, com 3 gols de Souness, 3 de McDermott, 2 de Fairclough, 1 de Lee e 1 de Kennedy. Na segunda fase, duas vitórias sobre o Aberdeen, da Escócia, por 1 a 0 e 4 a 0. Nas quartas de final, contra o CSKA Sofia, da Bulgária, mais duas vitórias, sendo uma goleada de 5 a 1 no primeiro jogo (com 3 gols de Souness) e 1 a 0 no segundo.

Nas semifinais, jogo duríssimo contra o gigante Bayern München, do astro Rummenigge. No primeiro jogo, em Liverpool, empate em 0 a 0. O time inglês precisava vencer ou empatar com gols na casa do rival se quisesse ir para a final. O jogo seguia empatado até os 83´quando Kennedy abriu o placar para o Liverpool. Cinco minutos depois, Rummenigge empatou, mas já era tarde. A igualdade com gols colocou os ingleses em sua terceira final de Liga. O adversário seria o maior bicho papão do torneio: o Real Madrid. Antes, o Liverpool venceu a Copa da Liga Inglesa, batendo o West Ham United na final.

 

Onde tudo começou

A final entre Liverpool e Real Madrid foi disputada no estádio Parc des Princes, em Paris, palco da primeira decisão da história do torneio, em 1956, vencida pelo Real. O duelo entre ingleses e espanhóis colocava um esquadrão que não cansava de ganhar títulos desde 1975 (Liverpool) contra uma equipe que se apoiava mais em sua tradição do que na eficiência técnica (Real Madrid). Mesmo com a diferença entre as equipes, o jogo foi equilibrado e o gol não saia. Até que Kennedy, aos 82´, marcou o único gol da partida, garantindo o tricampeonato ao clube inglês. O Liverpool retomava o posto perdido para o rival Forest como melhor time do continente e ainda emplacava McDermott e Souness como artilheiros da competição com 6 gols cada. Faltava, porém, o bendito Mundial, que a equipe não havia disputado em 1977 e 1978. Naquele ano de 1981, o torneio já era disputado em partida única, no Japão. E dessa vez os reds aceitaram a disputa: contra o Flamengo (BRA) de Zico, Adílio, Nunes, Leandro e Júnior.

Souness, Dalglish e Hansen com a taça de 1981.

 

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Vareio

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O Liverpool entrou de salto alto e muito autoconfiante na decisão do Mundial de 1981, em Tóquio. Tamanha petulância custou caro aos ingleses: o Flamengo aplicou sonoros 3 a 0 ainda no primeiro tempo, tocou a bola no segundo e faturou o título. O Liverpool perdia a chance de ser o primeiro clube inglês campeão do mundo, repetindo o fracasso de Manchester United, em 1968, e Forest, em 1980. Era hora de cruzar o atlântico, juntar os cacos, e dar a volta por cima.

 

Ganhando tudo em casa

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De 1980 até 1984 o Liverpool venceu três campeonatos ingleses, em 1981-82, 1982-83 e 1983-84, quatro Copas da Liga Inglesa, em 1980-81, 1981-82, 1982-83 e 1983-84 e duas Supercopas da Inglaterra, em 1980 e 1982. A equipe dava show com uma regularidade impressionante, conquistando pontos importantes tanto em casa quanto fora. A mais brilhante campanha foi a última de Bob Paisley como treinador do time inglês, em 1982-1983: 11 pontos de vantagem sobre o vice-campeão, Watford, seis vitórias consecutivas no torneio e 19 partidas seguidas sem derrota. O maior técnico da história do time deixava o clube no ápice e no auge. Para o seu lugar, chegou o também inglês Joe Fagan, que manteria a mesma base vencedora do time para o grand finale.

 

Nova saga europeia

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Sem rivais em casa, o Liverpool quis retomar a taça da Liga dos Campeões em 1983-1984. A equipe derrotou o Odense, da Dinamarca, por 1 a 0 e 5 a 0 na primeira fase. Na segunda, duelos complicados contra o Athletic Bilbao, com empate na Inglaterra em 0 a 0 e vitória do Liverpool na Espanha por 1 a 0. Nas quartas de final, duas vitórias sobre o Benfica: 1 a 0 na Inglaterra e uma goleada de 4 a 1 em Lisboa. Nas semifinais, o time encarou o surpreendente Dinamo Bucaresti, da Romênia, e venceu em casa por 1 a 0, derrotando novamente o rival, na Romênia, por 2 a 1. O Liverpool estava em mais uma final de Liga dos Campeões. Era a chance de fazer história e se tornar o segundo maior vencedor da competição, tomando o posto ocupado na época por Bayern München e Ajax.

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De volta à Roma

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Di Bartolomei e Souness, antes da decisão de 1984.

 

O time de 1984. Em pé: Bruce Grobbelaar Alan Kennedy, Kenny Dalglish, Mark Lawrenson, Alan Hansen e Ian Rush. Agachados: Phil Neal, Sammy Lee, Graeme Souness, Craig Johnston e Ronnie Whelan.

 

Assim como em 1977, ano do primeiro título europeu do Liverpool, a cidade de Roma era a sede de mais uma decisão dos reds, dessa vez contra os italianos donos da casa, a Roma. O time inglês teria o imenso desafio de vencer a fortíssima Roma de Falcão, Cerezo, Bonetti, Pruzzo e Graziani jogando no estádio Olímpico, casa do rival. O Liverpool tratou de colocar pressão logo no início do jogo e marcou o primeiro gol com Neal, aos 13´. Ainda no primeiro tempo, a Roma empatou com Pruzzo. A igualdade permaneceu até o final e a Liga dos Campeões de 1984 seria decidida nos pênaltis.

 

4 vezes Liverpool

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Os ingleses mostraram sangue frio e calaram a Itália ao vencer a Roma, nos pênaltis, por 4 a 2, conquistando o tetracampeonato europeu. O destaque foi o goleiro Grobbelaar, que fez a famosa “dança das pernas” para desconcentrar os cobradores da Roma, induzindo-os aos erros.

A equipe se consolidava como a segunda maior vencedora da competição, deixava os rivais ingleses anos luz atrás e fazia o Liverpool o melhor time da Europa dos últimos 10 anos. Era o auge do time vermelho. Mas ali começaria, também, a decadência de um esquadrão dos sonhos.

Grobbelaar enervou os cobradores da Roma. Deu certo. E o Liverpool ficou com a taça.

 

Derrota no Japão e o fim trágico

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O Liverpool perdeu mais uma final de Mundial em 1984, ao ser derrotado pelo argentino Independiente por 1 a 0. Na temporada seguinte, o Liverpool voltaria a uma decisão de Liga dos Campeões muito esperada, contra a Juventus de Platini e Boniek, mas o time foi derrotado por 1 a 0 e viu seus “torcedores” protagonizarem uma barbárie que ficou conhecida como a Tragédia de Heysel, quando um confronto dos hooligans provocou a queda de um alambrado e matou 39 torcedores da Juventus, além de deixar centenas de feridos. Diversos jogadores, dirigentes e organizadores foram punidos pela polícia e pela UEFA. O Liverpool foi banido das competições europeias por seis anos, e os clubes ingleses pegaram uma pena de cinco anos. O futebol inglês entrava, a partir daquele ocorrido, ao fundo do poço. Somente na década de 90 é que uma revolução organizacional e política mudariam para sempre o esporte no país, tanto nos estádios quanto na postura dos torcedores.

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O episódio na Bélgica manchou a história do Liverpool. Mas os feitos daquele esquadrão maravilhoso que ganhou 22 títulos em apenas 10 anos são impagáveis, colocando craques como Dalglish, McDermott, Souness, Neal, Keegan e Hansen no patamar dos imortais do futebol.

 

Os personagens:

Ray Clemence: foi a muralha do Liverpool de 1967 até 1981, colecionando os mais diversos títulos possíveis. Seguro, Clemence atuou também pela seleção da Inglaterra em 61 oportunidades. Disputou 665 jogos pelo Liverpool.

Bruce Grobbelaar: foi o grande herói da conquista europeia de 1984 ao mexer com os nervos dos italianos da Roma e ajudar os ingleses a ficarem com a taça. Jogou mais de uma década no Liverpool e foi um grande ídolo da torcida com suas defesas e flexibilidade.

Phil Neal: um ícone na defesa do Liverpool e um dos maiores símbolos do clube, Neal atuou em mais de 600 jogos pelo clube inglês, de 1974 até 1985. Atuou em cinco finais de Liga dos Campeões da UEFA vencendo 4 delas. Jogou a Copa do Mundo de 1982 pela seleção inglesa e ainda marcou diversos gols importantes. Neal é um dos maiores vencedores de títulos da história do futebol inglês com 23 conquistas.

Tommy Smith: duro e viril, uma vez um técnico assim definiu Smith: “Tommy Smith não nasceu, ele foi extraído!”. E não era difícil de tal fato ter mesmo acontecido! O zagueirão foi o xerife do Liverpool multicampeão de 1962 até 1978, vencendo muitos títulos, inclusive a primeira Liga dos Campeões da história do clube.

Phil Thompson: outro grande zagueiro do Liverpool, Thompson começou a carreira no clube em 1971, permanecendo até 1984. Conquistou os mais diversos e gloriosos títulos e sempre foi um dos pilares da defesa do time.

Ray Kennedy: o outro Kennedy do Liverpool era matador e podia jogar tanto no meio de campo quanto no ataque. Sua flexibilidade ajudou demais o clube a vencer os títulos que venceu. Marcou 72 gols pelo Liverpool de 1974 até 1982, além de atuar em 17 partidas pela seleção da Inglaterra. Foi um dos grandes jogadores da década de 70 na Inglaterra.

Emlyn Hughes: seja como meio campista ou zagueiro, Hughes sempre foi impecável. O jogador foi o capitão do Liverpool durante boa parte da década de 70 e ergueu as duas primeiras taças da Liga dos Campeões em 1977 e 1978. Foi capitão, também, da seleção inglesa e atuou em 62 jogos de 1969 até 1980.

Mark Lawrenson: defensor irlandês, jogou de 1981 até 1988 no Liverpool e manteve a eficiência no setor dos Reds no período. Chegou por um valor recorde na época de quase um milhão de libras e foi presença constante, também, na seleção irlandesa.

Joey Jones: jogava na lateral-esquerda e ajudava muito na marcação, além de dar vários passes precisos de longa distância. Tinha muita raça e era adorado pela torcida.

Alan Kennedy: tinha o mesmo sobrenome de Ray, mas não era parente do jogador. Alan jogou de 1978 até 1985 no time vermelho e foi decisivo em muitas das conquistas do clube graças as suas investidas ao ataque. A mais famosa delas foi o chutaço de Alan na final da Liga dos Campeões da UEFA de 1981, quando seu gol definiu a vitória por 1 a 0 sobre o Real Madrid.

Kevin Keegan: justo quando Keegan saiu do Liverpool a equipe começou a colecionar títulos europeus. Mesmo assim, o craque teve sua contribuição em 9 títulos de 1971 até 1977, entre eles 2 Copas da UEFA e a primeira Liga dos Campeões do clube. Matador, Keegan marcou 100 gols em 323 jogos com a camisa do Liverpool e foi um dos maiores jogadores da história da Inglaterra. Pela seleção, marcou 21 gols em 63 jogos.

Ian Callaghan: com 857 partidas disputadas pelo Liverpool, o meio campista detém o recorde de participações com a camisa vermelha na história. Jogou de 1960 até 1978 no time inglês e venceu quase todas as taças possíveis. Era muito eficiente, constante e impecável nos passes.

Craig Johnston: meia de muita habilidade e velocidade, ficou quase dez anos no clube e foi um dos mais queridos pela torcida nos anos 1980. Atuava mais pela direita, ajudando os atacantes e também como opção ofensiva para marcar gols. Ficou até 1988 no clube, mesmo ano de sua aposentadoria.

Sammy Lee: jogou uma década no Liverpool e viveu os melhores e também piores momentos do time, de 1976 até 1986. Meio campista autêntico e seguro, atuou em 197 partidas pelos reds.

Alan Hansen: chegou ao Liverpool em 1977 e se tornou um dos maiores jogadores da história do clube. Era um dos três escoceses brilhantes do time que ganhou tudo naquela época. Ótimo na defesa e no meio de campo, Hansen foi um dos grandes símbolos daquele timaço vermelho. Venceu 23 títulos com o clube.

Jimmy Case: o meio campista Jimmy Case era o terror dos goleiros quando resolvia chutar de for a da área. Suas bombas quase sempre resultavam em gols indefensáveis. Foram assim que surgiram a maioria dos seus 46 gols com a camisa do Liverpool, muitos deles decisivos. Jogou 269 partidas pelo clube e foi um coringa na equipe.

Terry McDermott: foram 329 partidas e 81 gols pelo Liverpool e muitas alegrias para a torcida dos reds. McDermott era um meio campista matador e adorava fazer gols na Liga dos Campeões da UEFA, tanto é que ele foi um dos artilheiros da edição de 1981 (vencida pelo Liverpool) com 6 gols. Era um dos queridos de Bob Paisley e peça chave para o sucesso da equipe de 1974 até 1982.

Ian Rush: o galês Ian Rush chegou ao Liverpool em 1980 com a missão de fazer gols. E fez. Muitos! Foram 346 em 660 partidas, muitos deles na gloriosa conquista da Europa em 1984. Foi um dos maiores atacantes do futebol britânico nos anos 80 e 90. Fez 73 partidas pela seleção de Gales e marcou 28 gols.

Steve Heighway: atacante irlandês de muito talento, Heighway chutava com as duas pernas e foi muito importante para as conquistas do Liverpool no período. Disputou 475 jogos pelo clube.

Kenny Dalglish: Dalglish é considerado por muitos o maior jogador da história da Escócia e também um dos maiores jogadores britânicos de todos os tempos. Rápido, inteligente, goleador e exuberante, o craque foi a estrela que faltava para o Liverpool virar quase imbatível, ao chegar ao reds em 1977. Jogou até 1990 no time e virou o maior ídolo do clube e ganhou o apelido de “King Kenny”. Foram mais de 500 jogos pelo Liverpool e mais de 170 gols, e um lugar cativo no coração do torcedor. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Graeme Souness: completava a trinca de ouro de escoceses do super Liverpool das décadas de 70 e 80. Foi um dos artilheiros da Liga dos Campeões de 1981 e fez jogadas memoráveis ao lado de Dalglish e McDermott. Jogou 359 partidas pelo time de Anfield.

David Johnson: atacante, não tinha o mesmo brilho que Dalglish, mas foi essencial em muitas partidas. Atuou de 1976 até 1982 no Liverpool participando de 213 jogos.

David Fairclough: outro bom atacante da equipe de ouro dos anos 70 e início dos anos 80. Foi decisivo em muitas das partidas eliminatórias das Ligas dos Campeões vencidas pelo Liverpool.

Ronnie Whelan: outro irlandês querido pela torcida, Whelan atuava como meia-esquerda, e marcava gols decisivos pelos Reds. Jogou de 1979 até 1994 em Anfield e disputou mais de 400 jogos pelo clube. Foi eleito um dos 100 maiores jogadores da história do Liverpool pela própria torcida, em eleição feita em 2006.

Bob Paisley e Joe Fagan (Técnicos): Bob Paisley foi um dos maiores técnicos da história do Liverpool, sem sombra de dúvidas. De 1974 até 1983 o bonachão comandante do clube de Anfield faturou 20 troféus, sendo 3 Ligas dos Campeões, 1 Copa da UEFA e 6 Campeonatos Inglês. Paisley nasceu e viveu apenas no Liverpool, seu único clube tanto na carreira como jogador (era defensor) quanto como assistente e técnico. Após a sua saída, Joe Fagan manteve a sina vitoriosa do time inglês e ainda faturou mais uma Liga dos Campeões da UEFA, em 1984. Ambos tiveram sua parcela em colocar o Liverpool no rol dos maiores times do planeta.

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Comentários encerrados

11 Comentários

  1. Olá Guilherme, conforme eu havia sugerido, você atendeu o meu pedido.
    Essa fase do Liverpool foi sensacional, uma pena que terminou com uma tragédia.

    Abraços,
    Caio

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