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Craque Imortal – Rijkaard

Nascimento: 30 de Setembro de 1962, em Amsterdã, Holanda.

Posição: Volante / Zagueiro / Líbero/ Meia de Ligação

Clubes: Ajax (1980-1987 / 1993-1995), Sporting Lisboa (1987-1988), Real Zaragoza (1988), Milan (1988-1993).

Principais títulos por clubes: 2 Mundiais de Clubes (1989 e 1990), 2 Ligas dos Campeões da UEFA (1989 e 1990), 2 Supercopas da UEFA (1989 e 1990), 2 Campeonatos Italianos (1992 e 1993) e 2 Supercopas da Itália (1988 e 1992) pelo Milan.

1 Taça das Taças da UEFA (1987), 5 Campeonatos Holandeses (1982, 1983, 1985, 1994 e 1995), 3 Copas da Holanda (1983, 1986 e 1987), 2 Supercopas da Holanda (1993 e 1994) e 1 Liga dos Campeões da UEFA (1995) pelo Ajax.

Título por seleção: 1 Eurocopa (1988) pela Holanda.

Títulos Individuais:

Jogador Holandês do Ano: 1985 e 1987

Eleito para a seleção da Eurocopa de 1988

Melhor jogador estrangeiro do Campeonato Italiano: 1992

Guerin de Ouro da Revista “Guerin Sportivo”, da Itália: 1992

Fifa 100: 2004

Eleito para a Seleção dos Sonhos da Holanda do Imortais: 2020

Eleito para o Time dos Sonhos do Milan do Imortais: 2021

 

“Brilhante da bola”

Por Guilherme Diniz

Do alto de seus 1,90m, Franklin Edmundo Rijkaard podia ver o campo como ninguém. Podia ver, também, o adversário se aproximando para logo lhe roubar a bola e puxar um contra-ataque, ou até mesmo aparecer de surpresa e fazer um gol, um golaço. O futebol mundial teve o prazer de ter durante a década de 80 e até metade da de 90 um dos melhores jogadores da história da Holanda, com muita técnica, habilidade primorosa, eficiência na retaguarda e grande poder surpresa no ataque. Como não se lembrar do gol que ele marcou na final da Liga dos Campeões da UEFA de 1990, que garantiu o bicampeonato ao seu Milan? Como não se lembrar da parceria que fez junto com outros dois holandeses magníficos, Gullit e Van Basten? Rijkaard foi carregador de piano e maestro ao mesmo tempo, mostrando eficiência em ambas as funções. Podia apenas marcar e não deixar um jogador específico jogar. Podia apenas atacar, criar jogadas, dar passes precisos e marcar gols. Ou podia fazer as duas coisas. Foi um dos grandes polivalentes do futebol, sabendo jogar quase em todas as posições. Um jogador completo, que obteve uma invejável galeria de títulos. O único que escapou de suas mãos foi a Copa do Mundo, culpa da Alemanha (em 1990) e Brasil (em 1994). Mas ele tinha crédito. Afinal, foi um dos pilares na conquista do único título do futebol laranja: a Eurocopa de 1988. É hora de relembrar a carreira desse gigante do futebol.

Início na maior escola holandesa

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Filho de mãe holandesa e pai surinamês, Rijkaard começou com apenas 17 anos no Ajax, onde fez sua estreia na temporada 1980/1981. Ele começou no time juntamente com Van Basten, outro craque prodígio que logo virou seu amigo. Juntos, conquistaram os campeonatos nacionais de 1981/82 e 1982/83, os últimos vencidos pela lenda Johan Cruyff como jogador, que se aposentaria em 1983. Pouco tempo depois, Cruyff virou técnico do time, e ajudou a equipe a vencer mais um campeonato, em 1984/1985. Rijkaard fez parte do time que dominava a Holanda, e que ganhou ainda as Copas da Holanda de 1982/1983, 1985/1986 e 1986/1987. O ponto alto foi a conquista da Taça das Taças da UEFA, em 1987, primeiro título internacional do Ajax desde o tricampeonato europeu de 1973. Brilhando intensamente na zaga e no meio campo daquele time, Rijkaard virava uma estrela, mas os atritos com a metodologia de Cruyff o fizeram deixar o clube ainda em 1987, quando partiu para o Sporting, de Portugal. Lá, o craque foi emprestado ao Zaragoza, da Espanha, onde jogou apenas 11 jogos. Depreciado, foi resgatado pelo Milan, em 1988, onde começaria a fase mais mágica de sua carreira.

Primeiras glórias na Itália

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Rijkaard desembarcou no clube de Milão onde já estavam os compatriotas Van Basten e Ruud Gullit. Juntos, os holandeses seriam o símbolo da melhor geração do Milan, a sua grande era de ouro. O técnico milanês Arrigo Sacchi transformou Rijkaard num primoroso meio campista, já que o time contava com uma dupla de zaga irretocável (Baresi e Costacurta). Com ele no meio, o Milan tinha a segurança necessária para ir ao ataque constantemente e bloquear as investidas dos adversários. Além disso, Rijkaard começou a fazer gols e a dar passes geniais. O Milan ganharia a Supercopa da Itália naquele ano, além de já ter assegurado o título nacional de 1987/1988. As conquistas credenciavam o time à disputa da Liga dos Campeões da UEFA de 1988/1989. Ali, o Milan começava a escrever seu nome na história. Mas, antes, Rijkaard e seus companheiros tinham um grande desafio: a Eurocopa de 1988.

A primeira conquista da Europa – pela Holanda

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Com uma segunda geração de ouro, a Holanda conseguiu vencer seu primeiro título em 1988, a Eurocopa, disputada na Alemanha. A equipe conseguia sua vingança perante os alemães ao eliminá-los na semifinal, estancando a ferida da perda da Copa de 1974, também no país germânico. Na final, os holandeses despacharam a URSS, com um golaço de Van Basten e outro de Gullit. Rijkaard foi zagueiro naquele time, ao lado do brilhante Ronald Koeman. Era a coroação de um time repleto de bons jogadores, que conseguira algo que nem o Carrossel comandado por Cruyff conseguiu.

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A dominação da Europa e do mundo

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Depois de brilhar pela seleção, Rijkaard voltou ao meio campo do Milan e ajudou a equipe a conquistar de maneira brilhante os títulos da Liga dos Campeões da UEFA, da Supercopa da UEFA e do Mundial Interclubes de 1989. No ano seguinte, o time conseguiria a dobradinha de ambos os torneios, com destaque para a Liga dos Campeões, em que Rijkaard fez o gol do título ao aparecer como elemento surpresa na zaga do Benfica (POR), arrancar em velocidade e fazer o gol que garantiu o caneco ao clube italiano. Aquela seria a última vez que um clube venceria por duas vezes consecutivas o título da Liga.

Fracassos pela seleção

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Em 1990, a Copa do Mundo da Itália tinha como uma das grandes favoritas a Holanda, campeã da Europa em 1988. Porém, o que se viu no país da bota foi uma equipe irreconhecível, que simplesmente não jogou futebol. Para piorar, a laranja foi eliminada pelos rivais alemães, nas oitavas de final, e Rijkaard seria melancolicamente expulso ao cuspir em Rudi Völler, bem na frente do juiz. Quatro anos depois, o holandês disputaria sua última Copa, também como zagueiro. De novo, eliminação, nas quartas de final, diante do Brasil. Aquela seria a última partida dele com a camisa laranja. Em 73 jogos pela Holanda, Rijkaard marcou 10 gols.

Enfim, campeão italiano

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Desde que chegara ao Milan, Rijkaard nunca havia vencido um campeonato italiano. O jejum terminaria na temporada 1991/1992, e não poderia ser melhor: título invicto, com 22 vitórias e 12 empates em 34 partidas, um feito inédito na história do torneio. O time conquistaria o bi em 1992/1993. Porém, em 1993, terminaria sua história na equipe “rossonera”. Após a derrota para o Olympique de Marselha (FRA) na decisão da Liga dos Campeões da UEFA, o trio holandês saiu do time italiano. Rijkaard decidiu voltar ao Ajax, Van Basten encerraria sua carreira por conta das sucessivas lesões no tornozelo, e Gullit iria para o Chelsea. Era o fim de um time que encantou o mundo durante quatro anos. A saída foi triste, mas o holandês ainda tinha mais títulos para conquistar.

Final com chave de ouro

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Mais experiente e consagrado internacionalmente, Rijkaard voltou ao Ajax em 1993, para encerrar de maneira brilhante a sua vitoriosa carreira. Em 55 jogos, marcou 19 gols, uma ótima média para um zagueiro, função que desempenhou ao lado de Danny Blind, no time comandado pelo técnico Louis Van Gaal. Em sua volta, venceu dois campeonatos holandês (1993/1994 e 1994/1995) e duas Copas da Holanda (1993/1994 e 1994/1995).

 

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Mas o ápice se deu na Liga dos Campeões da UEFA. Com uma nova geração dourada nascendo no clube de Amsterdã, como Seedorf, Van Der Sar, Bogarde, Overmars, Frank e Ronald de Boer, Kluivert,  Davids e Reiziger, o time conquistou o torneio de maneira invicta, e derrotou na final justamente o Milan, ex-clube de Rijkaard, com gol de Kluivert no finalzinho do jogo. A decisão daquela Liga foi o último jogo de Rijkaard como profissional. E ele conseguia encerrar com chave de ouro sua gloriosa carreira como campeão europeu. Para poucos…

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Vida de técnico

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Depois de pendurar as chuteiras, Rijkaard virou técnico, onde teve como ápice seu período no Barcelona, de 2003 até 2008. No clube catalão, Frank comandou um time que começava a ser mágico, e que teve Ronaldinho em sua melhor fase na carreira. O resultado foram os títulos do Campeonato Espanhol (2005 e 2006), Supercopa da Espanha (2005 e 2006) e da Liga dos Campeões da UEFA (2006). Rijkaard conseguiu a façanha de ser um dos poucos no planeta a ser campeão europeu como jogador e como técnico. De quebra, foi eleito melhor treinador da Europa na temporada 2005/2006. Coisa de craque. Hoje, ele não atua mais como treinador, ficando longe dos holofotes. Mas ele pode. Afinal, por mais de 10 anos, os mesmos holofotes brilharam sobre seu fantástico futebol, vistoso, moderno, dinâmico. Um craque imortal.

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Números de destaque:

Disputou 261 partidas e marcou 65 gols pelo Ajax.

Disputou 142 partidas e marcou 16 gols pelo Milan.

Disputou 73 partidas e marcou 10 gols pela Holanda.

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Comentários encerrados

Um Comentário

  1. Rijkaard como zagueiro era craque, mas como volante foi um dos cinco melhores que vi (acompanho o futebol desde o Paulistão de 85). Xavi (o melhor que vi), Pirlo, Gerrard e Vieira fariam parte dessa lista, com boa discussão para a entrada de Yaya Touré, Redondo, Davids ou Xabi Alonso (se Rincón e Lampard tivessem jogado mais tempo na posição, teriam chance). E é interessante como o Brasil tem sido pobre nessa posição (não vi Falcão, talvez o melhor de todos os tempos, jogar em alto nível), pois o melhor que tenho lembrança foi o César Sampaio, que está muito abaixo de todos os anteriormente citados. Que os novos volantes brasileiros sejam novos Rijkaard. Não seria nada mal.

Esquadrão Imortal – Rangers 1963-1972

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